terça-feira, 3 de janeiro de 2012

o teu poema


No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida
No teu poema existe a dor calada lá no fundo

O passo da coragem em casa escura

E, aberta, uma varanda para o mundo.

Existe a noite

O riso e a voz refeita à luz do dia

A festa da Senhora da Agonia

E o cansaço
Do corpo que adormece em cama fria.

Existe um rio

A sina de quem nasce fraco ou forte

O risco, a raiva e a luta de quem cai

Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.

No teu poema

Existe o grito e o eco da metralha

A dor que sei de cor mas não recito

E os sonos inquietos de quem falha.

No teu poema

Existe um canto, chão alentejano

A rua e o pregão de uma varina

E um barco assoprado a todo o pano

Existe um rio

O canto em vozes juntas, vozes certas

Canção de uma só letra

E um só destino a embarcar
No cais da nova nau das descobertas

Existe um rio

A sina de quem nasce fraco ou forte

O risco, a raiva e a luta de quem cai

Ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.

No teu poema

Existe a esperança acesa atrás do muro

Existe tudo o mais que ainda escapa

E um verso em branco à espera de futuro....

Foto: André Carvalho
Local: Tavira
Data: 02/01/2012
Texto: Carlos do Carmo (no teu poema)

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